Contraste (1)

A uma dama feliz que sempre me interroga sobre a causa da minha tristesa.

Ha corações, suavissima princesa,
Felizes e infelizes; corações
Que vivem, mas num céo azul turqueza
Cheio de estrellas e constellações.

Outros a dura, a rispida fereza
Curtem da magoa presos aos grilhões,
Sem que avistem da crença a luz accesa
Como um phanal em meio ás cerrações.

E dado seja agora um claro exemplo:
O vosso, como aquelles, é ditoso.
Desconhece o pezar, conhece o goso.

O meu, no ról dos tristes o contemplo.
Um contraste afinal... Sorris emquanto
Annuvia-me os olhos agro pranto!

Arco iris (1923); Cartão Postal (1905), como “Nelson de Andrade”

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