Lea

Ai de mim, si de teos olhos
Não fôra a bemdicta luz,
Andara, por entre escolhos,
Aos hombros levando a †...

Ser-me-ia a vida um deserto
Muito maior do que o Sahara,
E da Amargura, por certo,
O guante me estrangulara.

Adeos Risos e Alegria,
Succumbira eu de pezar,
Se viesse a faltar-me, um dia,
O affago do teo olhar.

Olhos pretos que, no trilho
Da vida, meo guia são:
Olhos, olhos cujo brilho
Nunca as estrellas terão.

No Azul, uma noite, Sirio
Brilhava, alguem me contou,
Fitaste-a; tal qual um cirio
Ella logo se apagou.

Ouvi tambem: uma guerra
Houve entre os astros, no céo,
E tu, estrella da terra,
Foste a causa do escarcéo.

De teos olhos jamais esse
Brilho se extinga ou feneça,
Pois se tal acontecesse
Eu perderia a cabeça.

Diario da Tarde (15/03/1907), como “Jansen de Capistrano”

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