Segredo

Talvez do meo amor eu te não fale nunca...
Melhor calar-t’o a ti que não déras remédio
A’ dor, que o coração, como uma garra adunca,
Me lacera feroz, enchendo-me de tedio.

Da espelunca ao bordel, do bordel á espelunca,
Como um louco, a cantar funerario epicedio,
Andarei a afogar a paixão que me junca
De estyletes o chão e me traz num assedio.

Jamais dir-te-ei, porem, como te quero, como
Por ti sinto vibrar o coração, que domo
A custo, qual se doma a panthera voraz.

Pequei por te querer e esse crime nefando
Commigo guardarei, levando-o à cova quando
Eu os olhos cerrar por não abril-os mais.

Villa da Magoa.
Diario da Tarde (23/09/1910), como “Jansen de Capistrano”

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