Depois de procellosa tempestade...
Camões
De resto, a vida não é má. A gente
Soffre no mundo, mas contrabalança
A magoa, que lacera como lança,
O riso que se ri quando contente.
O coração que chora amaramente
Num choro dolorido de creança
Se transforma de subito á esperança
De claros dias de viver ridente.
Para julgar momentos de ventura
Mister sentir-se a sensação do agudo
Estilete de asperrima tortura...
Pois só se pode o goso aquilatar
Depois de ser batido pelo rudo
E rispido ciclone do desar.
Coritiba-Paraná
Diario da Tarde (24/06/1910)
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