Epitaphio de uma lyra

De menos um poeta e uma lyra de menos.
Versos? Fil-os, porém não os farei jamais.
O’ cachopas gentis de semblantes morenos
Esquecei-vos de mim e dos meus madrigaes.

E vós loiras que sois formosas como a Venus
De Milo, e tentadoras como Satanaz,
Fazei por olvidar apaixonados threnos
Que em vossa honra cantei em noites outonaes.

Certo outros menestreis, outros bardos ao ver-vos
Felizes sentir-se-ão e, eleitos das Camenas,
Poemas hão de compor cheios de febre e nervos.

Eu, no emtanto, — uma Esphinge — indifferente aos vossos
Encantos feminis, contemplarei apenas
Da minha lyra amada os ultimos destróços.

Diario da Tarde (26/03/1904), como “Jansen de Capistrano”

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