Teu retrato

Esses teus olhos, flor, cujo negrume
Idéa dá do lucto de minh’alma,
Têm todo aquelle extraordinario lume
Das estrellas do Azul em noite calma.

Essa tua bocca rubida o perfume
Raro contêm de viridente palma;
A tua voz recorda a voz de um nume
Cuja doçura vendavaes acalma.

Teus cabellos são de ebano, tão pretos
Como a melancolia dos sonetos
Em que descrevo o meu amor adverso.

Teus pés, tuas mãos, teu corpo... Fada,
E’s a belleza personificada
Que eu emmolduro dentro de meu verso.

Arco iris (1923); Itiberê nº 35 (MAR/1922)

Nenhum comentário:

Postar um comentário