Filha morta

Olhos cerrados para sempre... Morta
Fitando-a agora neste esquife branco
Acerado punhal a alma me corta
E a torrente de choro eu não estanco.

Tamanha dor, que balsamo a conforta,
Se da magoa se pisa o atro barranco?
Que vale o céo? Que importa o céo? Que importa
Se minha dor, olhando-a, não espanco?

Não ha consolo para a desventura
Do pae que vê tombar na noite escura
Da morte um filho que adorou na vida.

Chagado o coração pela saudade
Eterno fica; nem o tempo ha de
Cicatrizar jamais essa ferida!

Coritiba, 14-12-1912
Itiberê nº 36 (ABR/1922)

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