O divo artista; alfim, chega-se á mesa e pára
Olhando um “bibelot” de que a mesa está cheia:
Orpheu, tangendo a lyra, em marmor de Carrara.
Vem-lhe ao cerebro, então, de subito, uma idéa...
Senta-se, empunha a penna e, sobre a folha clara
De setineo papel, verso a verso, a epopéa
Traça, que assombra mais do que assombra o Niagara.
Deixa o calamo após e, segurando á dextra
O vellino lyrial, a recitar começa
As rimas que traçou, num diapasão de orchestra.
Noite alta. Ronda o céo a lua merencoria.
Sonha o Artista e, sonhando, é coroada por essa
Dama que, como um sol, fulge e deslumbra: Gloria.
Arco iris (1923); Fanal nº 1 (1912)
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