Ausencia, que me encheu o coração de assombros
E me fez da existencia uma cruz tão pesada
Que eu não sei como pude aguental-a nos hombros.
Mas, porque se fallar na tortura passada
Relembrando-a se jaz sob negros escombros?
A tristeza passou e, á alegria embalada,
A alma tenho a florir como lizes nos combros.
Recordemos somente os dias luminosos...
A dor que nos feriu, esqueçamol-a agora
Que a ventura nos chama ao palacio dos gozos.
Fiquem no olvido, pois, os desares do Fado,
Que para relembrar o mal que foi embora
Ninguem deve folhear o livro do passado.
Arco iris (1923); Folha Rosea (15/08/1911), com a nota “Coritiba, Julho de 1911”; As Armas e as Letras do Paraná, com a mesma nota
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