E, tagarella, essa flôr,
Em linguagem perfumosa,
Revelou-lhe o meu amor.
Queria, em segredo, amal-a,
Mas a flôr, sendo indiscreta,
Contou-lhe, com doce fala,
A minha paixão secreta.
Mais tarde, porque fingisse
Não amar, Clelia, a sorrir,
Lançou-me os olhos e disse:
As flôres sabem mentir!
Lembrei-me então que mandara
Á Clelia uma rosa, um dia
E que essa flôr lhe contara
A paixão que eu lhe escondia.
Entanto, disse lhe: mudas
As flores são para nós,
E’ bom, pois, que não te illudas
Em pensar que ellas têm voz.
Clelia sorrio e, sorrindo,
Foi-se afastando de mim
Que via em seu rosto lindo
As rosas do meu jardim.
Sabe agora toda gente
A historia dos meus amores...
E a culpa é minha somente
Por confiar-me das flores.
Itiberê nº 28/29 (AGO-SET/1921)
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