Villancete (2)

MOTE
Eu, por mal de meus peccados,
Um dia vos vi e, então,
Os vossos olhos malvados
Deram-me volta à razão.

VOLTAS
Os meus olhos sobre os olhos
Vossos puz e, por azar,
Vi-me em risco nos escolhos
Desses olhos verde-mar.
E, por mal de meus peccados,
A despeito do clamor,
Ninguem me escutou os brados
Por occupar-me do Amor.

Fôra melhor que os meus olhos
Os vossos vissem jamais...
Emtanto, a fugir de escolhos,
Tragou-me abysmo voraz.
Ao ver-vos, Senhora, os vossos
Olhos, que malvados são,
Alem dos demais destroços,
Deram-me volta á razão.

Quem vos fita cae na teia...
Porque sois, por vosso olhar,
Como a lendaria sereia
Que seduzia, a cantar.
E eu, por mim, confesso agora
Que, em vos vendo como vi,
Ferido de Amor, Senhora,
Mortalmente me senti...

Villa da Magoa.
Diario da Tarde (01/10/1910), como “Jansen de Capistrano”

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