Num Album

Mimosa dama de belleza rara,
Pedindo versos, certa vez, á mão
De um poeta que a lyra abandonara
Poz um album — formato coração.

E o menestrel que out’ora decantara
Mulheres, flores, e astros da amplidão,
Triste falou-lhe: “Senhorita, para
“Rimar, agora, meu esforço é vão.

“A descrença apagou-me o enthusiásmo,
“Perdoae-me (eu vos rogo) a mim que pasmo
“Ante a vossa belleza e resplendor...”

Assim tambem vos falo neste instante:
Como quereis, formosa, que descante
Uma alma em que não mais crepita o amor?...

Diario da Tarde (13/08/1904)

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