Nhundiacoara

Magno rio! Tal qual uma serpente
Curva, fazendo curvas, a rolar,
Vaes confundir tua agoa transparente
A’ verde escura e salsa agoa do mar.

Ao contemplar-te magestoso a gente
De subito se deixa arrebatar
E — Ophelia — vae, ao gosto da corrente,
Bellos sonhos doirados a sonhar.

Soberbo rio! O’ rio Nhundiacoara,
Nem mesmo te supplanta o proprio Nilo,
Cuja lympha recorda o Niagara!

Tu semelhas o humano coração,
Ora correndo por demais tranquillo,
Ora rugindo assim como um leão!

Arco iris (1923); Itiberê nº 44 (DEZ/1922); Sonetos do Paraná, com versos diferentes: 

Magno rio! Tal qual uma serpente
Curva, fazendo curvas, a rolar,
Vais confundir tua vaga transparente
À verde-escura ondulação do mar.

Ao contemplar-te, majestoso, a gente
De súbito se deixa arrebatar,
E — Ophélia — vai ao gôsto da corrente,
Belos sonhos azuis a edificar. 

Soberbo rio! O’ rio Nhundiaquara,
Não creio te suplante o próprio Nilo,
Sem flóreas margens, sem tua linfa clara.

O coração semelhas com tuas águas,
Ora, sonhando, a deslizar tranquilo,
Ora rugindo em convulsões de máguas!...

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