Naufragio

(Sob a dorida impressão da catastrophe do “Guasca”)

Não demora tingir o longinquo horisonte
O sanguineo clarão predecessor da aurora
E, na ancia de aportar antes que o sol desponte,
Singra o mar o navio a doze nós por hora.

A bordo reina paz. Como que somno insonte
Todos vão a dormir, talvez sonhando, afóra
Alguem que véla e vê de subito, defronte,
A pequena distancia uma outra náo... Agora

O perigo é imminente... Um grito altisonante
Acorda, a estremunhar, o pobre commandante,
Que ordena carregar o leme, carregar...

E nisto ouve-se um choque... O vapor se espedaça,
O mar traga-o voraz e, ao coro da desgraça,
Os naufragos ao léo se debatem no mar!

Arco iris (1923); A Noticia (09/12/07), com a nota “Coritiba, 8-12-07”

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