Monologo de um pessimista

Ao Agricola Catilina

Fervilham por ahi paixões más em tumulto,
No mundo cada ser incarna um Nero hediondo,
Face a face se joga o insulto contra o insulto
E a calumnia é um petardo a explodir estrondo.

Escaphandrista dalma, ás almas desço e as sondo
Perversas! nunca o Bem teve dellas um culto.
São todas uma só, photographa-as o avondo
Rio ao fundo do qual o lodo jaz occulto.

A honra alheia se arrasta ás sordidas tavernas
Onde ebrios habituaes, jiguejogando as pernas,
Esgarçam, como cães, o manto da Virtude.

Collocada no altar, incensa-se a Mentira!
Falso é o olhar que nos olha a luzir como pyra
E a bocca que nos ri, sorrindo nos illude!

Arco iris (1923); Diario da Tarde (15/03/1911); O Rio-Negrense (21/07/1940)

Nenhum comentário:

Postar um comentário