Quando em breve se for para longinqua plaga
Essa dama, que é um sol de estranha refulgencia.
Tua alma chorará — ribeiro que se alaga —
Ao cobril-a de todo o crepe da dolencia.
Adeus dias de luz, adeus risos... Presaga
Noite apenas será tua amara existencia.
E no teu coração a saudade, que esmaga,
Rezará, como um frade, o responso da ausencia.
Quizera que jamais te faltasse o carinho
Desse olhar, que é um fanal a aclarar o caminho
Do amor em que te vás sem pizar nos abrolhos...
O Destino, porem, não conhece a piedade
E faz dos corações asylo da saudade
Em fonte de pezar transfigurando os olhos.
Arco iris (1923)
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