Soneto de um tysico

Ao Dr. Sá Barreto

Tarantula voraz o insecto apanha
Na rede e o triste por fugir-lhe á rafa
Luta, mas a despeito de tamanha
Luta por se safar nunca se safa.

Cada vez mais na teia se emmaranha
E quando, alfim, vencido pela estafa
Immovel fica, a venenosa aranha
Vae devoral-o numa furia gafa.

Tuberculose roaz, ó tarantula
Que me prendeste a mim e, despiedada,
Talando-me os pulmões, cevas a gula...

Condemnado a morrer tão já — ó Deuses!
Vejo a morte chegar numa golfada
De sangue rubro como as apotheoses...

Bizarrias (1908)

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