O Mundo é um grande theatro. O panno, meus senhores,
Ergueo-se uma vez só e não desceo jamais.
O scenario varia: ao Sol, tem resplendores,
E, á noite, quasi sempre, é tetrico de mais.
A Vida é o eterno drama. Uns actos são de horrores,
Outros cheios, porém, de accordes musicaes.
Intervallos não ha e nós, tristes actores,
Só deixamos o palco em demanda da Paz...
Por vezes, tendo n’Alma a escuridão da gehenna,
Pomos, por sobre o rosto, a mascara — mentira —
E tal qual Arlequim, a rir, vimos á scena.
E cada qual assim, desempenha o papel...
Um se vae, outro vem, a platéa delira,
E continua o drama — a Torre de Babel.
Bizarrias (1908); A Noticia (03/07/1907)
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