Anos e anos passam-se... No entanto,
Se ora não temos lagrimas nos olhos,
Do coração jamais secou o pranto
Que a tua morte fez brotar, qual veio
Dagua que á terra exsurge de repente.
Partiste e a dôr ficou comnosco; uma haste
Fria, de ferro, o peito nos traspassa
E assim vamos, escolhos sobre escolhos,
A caminhar para o repouso eterno
Na esperança de um goso prometido...
Saudade, canto-chão da magua; seio,
Ermida do pezar, onde, dolente,
Não cessa de carpir um só minuto
O coração, como se fôra um monge,
Quando o lacera a garra da desgraça,
A semelhança de um punhal bandido!
Dois lustros faz que foste para longe,
Para esse Alem indicifravel e ainda
Temos de ti vivissima lembrança,
Porque o tempo não póde ao pensamento
Nosso arrancarte apenas um minuto.
A saudade é imortal e a dôr infinda!
Alma tarjada pelo negro luto,
Vivemos a chorar a tua ausencia,
Como se a retalhassem mil punhaes!
Uma por uma, pungem do Averno
Todas as dores neste valle imenso
Onde a alegria é bem que não se alcança
A não ser por instantes, porque a empana
Subitamente a nuvem da dolencia
E, rapido, depois, de ais em ais,
Penetramos da dôr o bosque denso.
Ah! Porque os olhos lhe cerraste, ó morte?
Bem puderas poupa-lo á furia insana
Da tua foice ceifadora; ao córte
Que a vida lhe arrancou, amortalhando,
Ao mesmo tempo, os corações outrora
Ao lado dele venturosos quando
Aquele coração ao bem afeito
Palpitava de amor junto dos seus!
Exemplo de virtudes! Pae, demora
A saudade imortal em nosso peito
Dês que foste habitar ao pé de Deus!
Arion Werneck de Capistrano (filho)
Correio dos Ferroviários (SET/1934)
Correio dos Ferroviários (SET/1934)
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