Encanta ouvir-lhe a voz sonora, encanta
Vel-a em scena a cantar canções de arminho,
Qual se tivesse dentro da garganta
A garganta de mago passarinho.
Escutal-a é escutar-se quando canta
A philomela, é mais ainda: é o vinho
Da alegria beber, que a alma transplanta
A’ plaga de alvos sonhos como linho.
E’ libar se a delicia indefinida
De, enlevado á cantiga das sereias,
Trocar-se pela morte a propria vida.
E’ gozar-se o prazer jamais gozado
De subir, á cadencia das colcheias,
Na aza do sonho ao céo estrellejado.
Arco iris (1923)
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