Tinha-te junto de mim;
A tua ausencia, entretanto,
Deixou-me tristonho assim.
Nunca mais tive alegria
Depois que daqui partiste;
Minh’alma desde esse dia
Tornou-se uma cella triste.
Olhos em pranto e tristonho,
A’s vezes, pensando em ti,
Presumo que, esperto, sonho
Que só em sonho te vi.
O Destino, se quizesse,
Pudera poupar-me a dor
Da ausencia, que me parece
A sepultura do amor.
Embora no pensamento
Tenha-te sempre o perfil,
Pungem-me a todo o momento
As iras do fado hostil.
Ausencia — mãe da saudade,
Saudade — duro aguilhão
Que retalha, sem piedade,
As fibras do coração.
Como é triste a sorte minha!
Retorna... Quero-te aqui...
Se tardares, andorinha,
Talvez saibas que eu morri!
Itiberê nº 45/46 (JAN-FEV/1923)
Nenhum comentário:
Postar um comentário