Viboras

E’ uma cobra... Rasteja e assim de rastos ella
Anda de mouta em mouta e se um passo presente
Em derredor se espia e depois se ennovela
Prompta para assaltar a quem lhe passe rente.

E se deixa ficar, como uma sentinella,
Longas horas a fio, esperando somente
O momento em que possa, escancarando a guella,
Encravar com furor o envenenado dente.

Mas ninguem, afinal, se lhe approxima e a cobra
Que, se escuta rumor, de vigilancia dobra,
Sorrateira se vae de mouta em mouta, lesta...

Como essa ou mais crueis entre os humanos entes
Ha viboras tambem de peçonhentos dentes
Das quaes raro se escapa à mordida funesta.

Diario da Tarde (25/01/1911)

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