chega-me ao ouvido,
muito vago, de longe,
o sonido
de um sino, que talvez
chore alguem, cujos olhos
cerraram-se de vez...
Como é triste pisar-se um caminho de abrolhos!
De alma a chorar e coração enfermo,
escuto
dentro do meu ermo
e dentro do meu luto
a voz do sino, quasi
imperceptível como
uma phrase
que, no final assomo,
o moribundo diz...
Deshoras... Vélo... Evoco o meu passado
Como sou desgraçado
e como fui feliz!
Avoluma-se agora a voz do sino... Sonho?!
E bronze vibra dentro em mim!
E’ o coração, supponho,
E nunca vi meu coração assim!
Eu tenho os olhos rasos de agoa
e tenho em pranto o coração...
Como dóe esta magoa
da minha solidão!
A alma toda me invade
a tristeza dos naufragos, no mar...
Adormeço nos braços da saudade,
Como um salgueiro a soluçar...
10—6—1923
Itiberê nº 50 (JUN/1923)
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