Primavera

Vem de surgir, mirifica, a manhã,
Helios, do Azul o rei magnificente,
Num vermelho sanguineo de romã,
Transpoz, ha pouco, os porticos do Oriente.

Rouxinoleios pela viridente
Floresta vibram, como se o deos Pan,
Soprando a flauta, que enlevava a gente,
Andasse a palmilhar erma rechã.

Sente-se o aroma dulcido das flores,
Pelo monte, a pascer o alvo rebanho,
Andam zagaes cantando os seus amores.

E, iguaes á minha que o pezar lacera,
Almas lembrando jubilos de antanho,
Parecem reflorir na Primavera.

Diario da Tarde (07/10/1911)

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