Previsão (2)

Esse orgulho imperial não ha de ser eterno,
Por que no mundo nada eternamente dura;
Um dia rolará, quando chegar o inverno
Dos annos e murchar a tua formosura.

Embebeda-te agora o juvenil falerno,
Mas ao se encher de cans a tua côma escura,
Provarás, um por um, os tormentos do Averno
E verás que a vaidade é uma grande loucura.

A belleza é uma flor e toda flor fenece.
Ao fulgir da manhã, alvinitente um lyrio
Esponta e murcha mal o sol desapparece...

Bella e moça tu és, mas, por mal da vaidade,
Mas profundo se-te-á, certamente, o martyrio,
Quando morrer o sol da tua mocidade.

Arco iris (1923); Club Coritibano (OUT/1912)

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