Soneto (1)

A uma peccadora

Andas a rir e rindo assim procuras
Aos outros occultar a tua dor.
Soffres, eu sei. Alguem quebrou as juras
Mentidas que te fez de eterno amor.

Amaste um cavalleiro de aventuras,
Um D. João safado, um seductor
A cuja voz tão cheia de ternuras
Te rendeste afinal, misera flor.

Polluida agora — coração em pranto —
Trazes á bocca mentiroso, emtanto,
Sorriso que disfarça essa tortura...

E fazes bem por esconder teu fundo
Pezar, que se o soubesse todo o mundo
Muito maior ser-te-ia a desventura.

Bizarrias (1908)

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