Embora brilhes tambem,
E’ que não me olhas nem queres
E ellas olham-me do Alem.
O sangue não me dá vida.
Vivo de ti e por ti.
Eu sò viverei, querida,
Emquanto te vir aqui.
Confia desconfiando
Na mulher que diz te amar.
Por confiar nellas eu ando
Sobre espinhos a trilhar.
Antes nunca eu te fitasse
Os olhos meus, que jamais,
Depois que te vi a face,
Eu pude viver em paz.
Desta dor que me alanceia
Tu te ris, por que somente
Se avalia a magoa alheia
Pela magoa que se sente.
Quem ama fecha aos conselhos
Os dois ouvidos; em vão
A experiencia dos velhos
Quer conter o coração.
Nunca te mires no espelho
De quem vive a maldizer...
Ouve e cala-te; o conselho
Só te pode dar prazer.
Só fui feliz em verdade
Depois que te conheci,
Que a minha felicidade
Provem apenas de ti.
O’ lua, sê testemunha
Das juras que Elza me faz...
E a lua disse: suppunha
Não houvesse um tolo mais.
Arco iris (1923)
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