Resurreição (2)

Como me sinto bem quando me afagas!...
O teu carinho
Dá-me o prazer que eu nunca sentiria
Se não fosse a Ventura
Fazer-me deparar-te no caminho
Da minha noite escura...

Horas aziagas
De dor e de agonia
Não sei se as tive, se me vejo assim
Junto de ti, sentindo-te a carícia
Dessas fidalgas mãos macias como
Um pomo
Cujo perfume é uma delícia!

A mim,
Que te incenso num íntimo sacrário,
Pouco importara o ouro do Universo,
A ciência, o fausto ou o poderio que tanto
Praz ao mundo perverso;
Não se me dera a glória de outros seres,
Se minha fosses,
Se eu de ti fôra o dono milionário,
O jardineiro do jardim do teu encanto!...

Alheio
Aos alheios prazeres,
Vivera dos teus beijos
Doces
Como um fruto maduro;
Resumiria os meus desejos
Em ti; de ti vivera, neste anseio
De que me não faltasse nunca
O teu carinho que me junca
De odoríferas flores
O duro
Chão que eu trilhava quando tu surgiste,
Como Deusa, num halo de esplendores,
Resuscitando o coração de um triste!

1924.
Antologia Paranaense

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