Vida de Adolpho Werneck

por Eduardo Capistrano

03/12/1877
Morretes/PR
Nascimento
24/06/1880
Desterro/SC
Batismo na Igreja de Nossa Senhora do Desterro
1887
Desterro/SC
Exames da escola pública
27/11/1898
Curitiba/PR
Primeira publicação conhecida, o soneto “Junto de ti...” na revista “O Sapo” nº 38
1900
Curitiba/PR
Página de Honra no Almanach Paranaense
1903
Curitiba/PR
Publicação de “Dona Loura
23/09/1905
Curitiba/PR
Casamento com Maria Antonietta Bandeira Fernandes
1908
Curitiba/PR
Publicação do livro “Bizarrias
04/03/1909
Corumbá/MS
Nomeação para o cargo de 2º Escriturário da Alfândega de Corumbá, então Mato Grosso
06/05/1910
Curitiba/PR
Transferência para 4º Escriturário da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Paraná
31/10/1911
Curitiba/PR
Designação para servir na Caixa Econômica anexa à Delegacia Fiscal
20/08/1911
Curitiba/PR
Presença na coroação de Emiliano Perneta como Príncipe dos Poetas Paranaenses no Passeio Público
19/12/1912
Curitiba/PR
Presença na fundação do Centro de Letras do Paraná
19/11/1913
Curitiba/PR
Nomeação para 3º Escriturário
1921
Curitiba/PR
Publicação do livreto “Insomnia
1922
Curitiba/PR
Publicação do livro “Minha Terra
09/07/1922
Morretes/PR
Leitura de “Minha Terra” no Clube “7 de Setembro”
28/08/1922
Curitiba/PR
Falecimento da esposa Maria Antonietta
06/03/1923
Curitiba/PR
Nomeação para 2º Escriturário
1923
Curitiba/PR
Publicação do livro “Arco iris
1927
Curitiba/PR
Já consta como 1º Escriturário
1927
Curitiba/PR
Casamento com Alice Marçallo Taborda Ribas
18/08/1932
Curitiba/PR
Falecimento

O telegrafista João Werneck de Sampaio Capistrano, natural do Rio de Janeiro, e Maria da Paz Surana Cameu, natural de Desterro, atual Florianópolis, casaram-se em 19 de maio de 1873 na cidade natal da esposa, onde provavelmente residiram nos anos vindouros. João era filho de José Baptista Werneck de Capistrano e Maria Justiniana de Capistrano, e Maria era filha de Francisco Antônio Cameu e Maria das Dores Cameu. Os primeiros filhos de João e Maria foram Leonor Elvira e Elpídio Theodato, nascidos em Desterro em 1874 e 1875.
A cidade de Morretes, na então Província do Paraná, era à época um centro urbano de prolífico comércio e indústria ervateira. Por algum motivo o casal visitava a cidade em 3 de dezembro de 1877, data de nascimento de Adolpho Jansen Werneck de Capistrano. “Jansen” é antes parte do prenome do que sobrenome, como seus irmãos (Ottilio Auto, Maria Isabel, Leonor Elvira, Hélio Affonso, Elpídio Theodato).
A informação errônea de que o ano de seu nascimento é 1879 persiste em diversas obras de referência. Comprova-se o ano de 1877 em seu termo de batismo (veja O Ano de seu Nascimento). Apesar de nascido em Morretes, Adolpho foi batizado em Desterro mais de dois anos depois, em 24 de junho de 1880.

“Adolpho: Aos vinte quatro de junho de mil oitocentos e oitenta nesta Matriz baptisei solenemente Adolpho, nascido em Morretes da Provincia do Paraná á tres de Dezembro de mil oitocentos e settenta e sete, filho legitimo do Senhor João Werneck de Sampaio Capistrano, e de Dona Maria Surana Cameu de Capistrano: avós paternos José Baptista Werneck de Capistrano, e Maria Justiniana de Capistrano: avós maternos Francisco Antonio Cameu, e Dona Maria das Dôres Cameu. Padrinhos o Senhor Angelo Maria Cameu, e Dona Maria das Dôres Cameu de Lemos. Do que fiz este termo e assigno.
O Vigário Padre Sebastião Antonio Martins”

Fatos seguintes apontam para o frequente contato da família com Desterro. Na cidade nasceram e foram batizados Ottilio, Clodoaldo e Hélio Affonso, respectivamente em 1882, 1884 e 1887. Também em 1887 consta que Adolpho prestou exames da escola pública da capital catarinense. Em 1893, seu pai João foi nomeado Capitão da Guarda Nacional ainda por Santa Catarina, mas em agosto de 1895 estava aposentado no Paraná.
Mas há evidências de que a família, apesar da vida dividida entre Paraná e Santa Catarina, residia propriamente em Morretes, no Paraná. Sobre sua juventude, Adolpho escreveu no jornal “A Notícia” de 21 de junho de 1907, sob o pseudônimo “Bingue”, com o título “Excerpto”:

“Eu tinha 16 annos quando me vi forçado a abandonar a terra de meo berço. O Paraná recahira á mão da legalidade e eu, porque fora revolucionario e andara de fita ao chapéo, precisava fugir, temendo a vingança dos “pequeninos” que, ao envez de se apiedarem dos vencidos, procuram saciar o seo odio de féras indomaveis, torturando-os sempre.
“Nunca me havia apartado dos meos; até aquella idade vivera, ininterruptamente, sob os carinhos paternos, por isso que, ao partir, os olhos se me encheram de lagrimas e o coração como que se me partio em tresentos pedaços ao dizer o adeus da despedida...
“Minha mãe ficara desfeita em pranto e eu partira cheio de saudades, pensando não resistir a ausencia, vindo a morrer por fim, longe como um exilado. Passava os dias a chorar como criança, tendo na mente o “Nhundiaquara feliz meo patrio ninho” e os meos paes e irmãos que lá deixara. Amargurava-me a duvida de não tornar a vel-os e, por vezes, a rebentar de raiva, como desesperado, amaldiçoava o destino que me os fizera abandonar.
“A alegria morrera para mim. Tudo se me apresentava de tristonho aspeito, porque o crepe da tristura tudo encobrira, encobrindo-me a alma, deixando-m’a negra de sable. Entretanto, eu não ficara ao desamparo em terra extranha. Achara a caridosa guarida de um tecto e encontrara affagos tambem. Mas que differença do lar e dos mimos paternos! Que dissimelhança, santo Deos!
“Ao contrario de serem um consolo, avivavam mais a lembrança que me pungia, como um espiculo. Pareciam forçados, não tinham espontaneidade, como que eram ficticios, e, comtudo, eu os recebia assim mesmo, não que elles me fossem lenitivos ás magoas, mas...
“Que bom seria esquecer o passado mesto, varrendo da memoria a dolorosa recordação dos transes dolorosos porque se passa na vida!”

A referência a “legalidade” e à “fita no chapéu” é confissão de Adolpho estar do lado dos maragatos durante a Revolução Federalista. Pelo que seu relato indica, Morretes havia sido ocupada pelos legalistas, as forças que Floriano Peixoto enviou para ajudar os “pica-paus” a combater os maragatos, tornando perigosa sua permanência na cidade. Morretes já decaía desde o estabelecimento em 1885 da ferrovia entre Paranaguá e Curitiba, e Adolpho rumou para a capital paranaense. Logo a cidade não seria refúgio tão adequado para os maragatos: apesar de ocuparem a cidade em fevereiro de 1894 e chegarem até a organizar um governo provisório, dois meses depois os legalistas reconquistaram a cidade. Em 1895 a Revolução havia sido derrotada, circunstâncias que fizeram Desterro ser rebatizada como Florianópolis.
No final do século XIX, formou-se no Paraná um grupo de escritores e artistas que procuravam uma identidade cultural expressiva, em reflexo aos movimentos influenciados pelas academias da França, que por sua vez chegavam às terras brasileiras com a influência de seus autores sobre a literatura e arte. O Cenáculo, com origem nos salões do Clube Curitibano, era encabeçado por Dario Vellozo, Silveira Neto, Antonio Braga, Júlio Perneta, Rocha Pombo e Leôncio Correia. O Cenáculo durou de 1895 a 1897. Próximas do grupo corriam as carreiras de Emiliano Perneta, Emílio de Menezes, Nestor Victor, Jean Itiberê e Romário Martins.
Adolpho e outros intelectuais influenciados pela produção destes autores procuraram se envolver com aquele momento criativo e dar-lhe continuidade. Euclides Bandeira, Evaristo Perneta, Gabriel Ribeiro e Thales Saldanha, os redatores das revistas “O Sapo” (1898) e “O Azul” (1900), figuraram na imagem a seguir, que segundo Leocádio Correia, “a começar da direita do leitor, em baixo, respondem pelos nomes”: Santa Ritta Júnior, Leite Júnior, Generoso Borges, Thiago Peixoto, Adolpho Werneck, Benedito Nicolau dos Santos, Virgolino Brasil e o próprio Leocádio.
Adolpho pode ter iniciado suas colaborações com jornais e periódicos antes de 1898, mas só neste ano encontramos a primeira colaboração perfeitamente identificável. Em 27 de novembro de 1898, na edição nº. 38 de “O Sapo”, revista humorística e literária de Curitiba, foi publicado seu soneto “Junto de ti...”. Nos anos seguintes colaborou com “Victrix” (1902) de Emiliano Perneta, “O Olho da Rua” (1907) e iniciou em 1903 duradoura colaboração no jornal “Diário da Tarde”.
Consta como 1903 a data da publicação de seu primeiro livro, intitulado “Dona Loura”. Em certas fontes consta o título errôneo de “Dona Laura”. O título é evidente evocação da “loura”, a “Elza”, a mulher ideal recorrente no Simbolismo. Da obra não restou qualquer exemplar que pudesse ser consultado. Curiosamente, para esta antologia foram encontrados um poema intitulado “Dona Loura” e outro intitulado “Dona Laura”, este último muito provavelmente um erro tipográfico do jornal em que foi publicado.
Também em 1903 ocorreu um movimento de personalidades voltada a “offerecer á sua terra natal – uma polyanthéa, hymno, photographia da mesma cidade”, em celebração da cidade de Morretes, origem prolífica de vários intelectuais paranaenses. A polianteia, distribuída nas festividades em 19 de dezembro de 1903, contém a primeira publicação do poema “Nhundiaquara”, sobre o principal rio morretense.
Há registros das atividades a que Adolpho se dedicou além das letras. Está com o irmão Ottilio entre os sócios fundadores do “Club Philocartista do Paraná”, clube de colecionadores de cartões postais fundado em 1905. A colaboração com a revista “Cinema”, em que assinou a página “Meu Jornal” como o “Rei de Copas”, indica interesse pela sétima arte. Desde jovem, contudo, seu nome foi associado às charadas. No “Almanach Paranaense” para 1900, além de conter um de seus sonetos e uma charada de sua autoria, figurou na “Página de Honra” por ter decifrado todas as charadas da edição anterior — em que já constava um soneto seu. Na edição seguinte, diversos charadistas dedicaram seus enigmas a Adolpho. No artigo “Origem de um Poetastro”, publicado na revista “A Carga” em 1907, se diz empolgado com a doença da “charadomania”.
Edições de “A República” de 1905 colocam Adolpho como membro da “Tertulia Paranaense” (1º tesoureiro), “Club dos Bohemios” (vice-presidente) e do Club Curytibano. Em 1º de julho de 1905, adquiriu o “Salão Recreio”, então na Rua XV de Novembro, 74, do sr. Álvaro Junqueira Peniche.
Às 16h30 de 23 de setembro de 1905, na Igreja de Santa Felicidade, em Curitiba, Adolpho casou-se com a tibagiana Maria Antonietta Bandeira Fernandes, filha do Major Antonio Chrispim de Oliveira Fernandes e de Idalina Bandeira Fernandes. Foi testemunha Leocádio Correia. Do matrimônio nasceram cinco filhos: Adolpho Filho, o “Didi” (23/07/1906), Aglaé (1907), Arion (1909), Azir (1911-1912), Arícia (1915) e Astelio (1916-1917).
“Entrou definitivamente para o serviço d’ A Noticia incumbindo-se da reportajem, o noso talentoso colaborador Adolpho Werneck, que ha já algum tempo prestava-nos asidua cooperação”, traz “A Noticia” de 5 de agosto de 1907.
Em 1908 publica “Bizarrias”, um pequeno livreto de poesia sinistra, marcada pelas referências satanistas e mórbidas. A obra é evidente discípula do mais sombrio Simbolismo, sem toques de humor como ocorreria no futuro.
Adolpho iniciou carreira de fazendário tal qual outros escritores, como José Gelbecke, Santa Ritta Júnior e Benedito Nicolau dos Santos. Foi nomeado em 1909 para o serviço público no Ministério da Fazenda, no cargo de 2º Escriturário da Alfândega de Corumbá, Mato Grosso, atualmente Mato Grosso do Sul. Em 1910 retornou para Curitiba, como 4º Escriturário na Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Paraná, e em 1911 foi designado para servir na Caixa Econômica anexa ao órgão.
Em 20 de agosto de 1911, Adolpho integrou um grupo de ilustres intelectuais paranaenses presentes à coroação de Emiliano Perneta como Príncipe dos Poetas Paranaenses, celebrada no Passeio Público.
Adolpho teve certamente contato com algumas tendências dos intelectuais da época, particularmente a maçonaria, o espiritismo, os movimentos esotéricos — em especial o neo-pitagorismo — e o anticlericalismo. Seus irmãos Elpídio, Hélio e Clodoaldo foram maçons, como grande parte dos intelectuais do círculo que Adolpho integrava. Com relação ao espiritismo, Leocádio Cysneiros Correia, editor de Adolpho, era filho de Leonardo José Correia, nome notável do espiritismo paranaense. O esoterismo regozijou dentre os simbolistas, com Dario Vellozo fundando o Instituto Neo-Pitagórico, de tendências ocultistas e gnósticas.
Contudo, quanto a Adolpho não há registros de efetivo envolvimento com estas vertentes. Mas certamente figurava entre os anticlericais, movimento de oposição à Igreja, colaborando com “Electra”, órgão do movimento, cuja edição de junho de 1903 lista que em certo encontro no Theatro Recreio “seos brindes foram verdadeiras profissões de fé anti-clerical”.
Em 12 de outubro de 1912 foi publicado o primeiro número do jornal “Commercio do Paraná”, com orientação de Júlio Rodrigues, direção de Domingos Velloso, Generoso Borges como secretário e Adolpho Werneck e Octavio Sidney como auxiliares.
Em 19 de dezembro de 1912, firma-se como um dos fundadores do Centro de Letras do Paraná, seu nome figurando na Ata de Fundação com os de Romário Martins, Dario Vellozo, Celestino Júnior e outros.
Entre 1912 e 1913, Adolpho torna-se colaborador da revista “Fanal”, o “Órgão do Novo Cenáculo”, incluindo-se entre os chamados “Novos”. O envolvimento denuncia contato com Acir Guimarães, Alcides Plaisant, Aristides França, Benedito Nicolau dos Santos, Cícero França, Clemente Ritz, Evaristo Perneta, Francisco Leite, Generoso Borges, Georgina Mongruel, Ismael Martins, José Gelbeck, Leite Júnior, Manoel Lacerda Pinto, Mário de Barros, Nestor de Castro, Oscar Gomes, Ricardo de Lemos, Rodrigo Júnior, Schaffenberg de Quadros, Serafim França, Tasso da Silveira, além do antigo Cenáculo e de seus colegas do “Azul” e do “Sapo”. Nesses anos também colabora com a revista do “Club Coritibano” (1912) e “A Bomba” (1913).
Em “A República” de 19 de fevereiro de 1915, curioso artigo estabelece sua residência na época: “Contra Mme. Henriqueta, professora franceza, residente á Travessa Aquidaban, n. 6, o nosso collega Adolpho Werneck, apresentou hontem queixa ao delegado de serviço sr. Nascimento Sobrinho, dizendo que aquella senhora que é sua visinha, constantemente insulta sua familia, tendo hontem atiçado um cão bravio contra uma sua filhinha”. A Travessa Aquidaban é a atual Rua Emiliano Pernetta.
Em 1921 seu poema “Insomnia” é publicado como “Lembrança da 12ª Pagina do Sarau dos dominicaes nos salões do Club Casino Coritibano em a noite de 23 de Outubro de 1921”. Naquele ano Leocádio Correia presidia o Clube Cassino Curitibano. A Biobibliografia da Academia Paranaense de Letras menciona que em 1922 Adolpho assumia a presidência.
Ao longo do ano de 1921, Adolpho publicou trechos de sua revista teatral “O Jornal” no jornal Commercio do Paraná, na coluna que redigia, intitulada “Cosmorama”. Em vida, Adolpho não publicou a peça na íntegra.
Em 1922, publica seu poema “Minha Terra”, um saudoso elogio à sua cidade natal, em obra conjunta, precedida por “Saudação a Morretes” de Leocádio Correia. Nas comemorações do 1º Centenário da Independência do Brasil, o poema foi lido no Clube “7 de Setembro” em Morretes, em 9 de julho de 1922.
Adolpho perdeu sua primeira esposa em 28 de agosto de 1922. Maria Antonieta faleceu vitimada pela tísica ou tuberculose, o “mal do século” que foi tema de poemas do marido. A família residia então na Rua Aquidaban, 37.
Em 1923 é publicado o livro “Arco iris”, contendo diversos sonetos e outros poemas. A obra contém todo o espectro produtivo de Adolpho, de poemas tipicamente simbolistas até versos mais livres e leves. É o único de seus livros a conter seu poema mais famoso, “Nhundiaquara”. Entre 1923 e 1924 tem acentuada colaboração com o jornal “O Itiberê” de Paranaguá.
Por volta de 1927, aos 50 anos de idade, casou-se com Alice Marçallo Taborda Ribas, tendo com ela cinco filhos: Aliwerne (1925), Werli (1926), Adolice (1928), Adolpho Taborda (1929) e Alice ou “Terezinha” (1931).
Ao longo de sua carreira, alternando entre sua produção poética, jornalística e humorística, Adolpho Werneck foi um dos escritores paranaenses que mais acumulou noms de plume. A lista inclui Ad Janwer, Adower, Bingue, Corpoferario, Gil-Vaz, Hugo, Jansen de Capistrano, Marinho Serra, Mello Dias & Cia., Mostarda & Cia., Nelson de Andrade e Plutão. Sebastião Paraná menciona alguns não confirmados: D’Artagnan, K. Lino e Paulo Moreno.
Adolpho foi sepultado no Cemitério São Francisco de Paula, o Cemitério Municipal em Curitiba, com a primeira esposa, Maria Antonietta. Em sua lápide consta um livro aberto em mármore branco, com seus nomes e a inscrição: “AOS PAES ESTREMECIDOS | HOMENAGEM DOS SEUS FILHOS | SILENCIO! PAZ AS SUAS ALMAS.” A sepultura de numeração 71207, 60375 ou 434, fica na Rua 3 da Quadra 16 pelo antigo loteamento, ou na Rua 29 da Quadra 43 pelo novo loteamento.

A Academia de Letras do Paraná, fundada em 1923, havia diminuído atividades até 1926 e se extinguido em 1930. Apesar de ter contato com muitos dos integrantes, Adolpho Werneck não está listado como um de seus membros. Em 26 de setembro de 1936, com liderança de Ulisses Vieira, foi instituída a Academia Paranaense de Letras, a fim de integrar a Federação das Academias de Letras do Brasil. A princípio, o quadro da Academia constituiu Adolpho Werneck como Patrono da cadeira de nº. 38, em homenagem póstuma.
Três anos depois, contudo, a diretoria da Academia decidiu reformular o quadro de cadeiras e patronos, visando adequá-las aos gêneros literários preponderantes de seus ocupantes. Mas seguiu-se uma total reformulação, que resultou em número de patronos maior do que o número de cadeiras. A solução foi atribuir para cada cadeira um Patrono e um “Fundador”, em qualidade honorária, pois muitos não estavam efetivamente presentes na fundação de qualquer uma das Academias. Foi o caso de Adolpho, que se tornou Fundador da cadeira nº. 29.

ACADEMIA PARANAENSE DE LETRAS
Cadeira n.º 29
PATRONO
Leônidas Fernandes de Barros (1865-1926)
FUNDADOR
Adolpho Jansen Werneck de Capistrano (1877-1932)
1º OCUPANTE - Alcindo Lima (1902-1935)
2º OCUPANTE - Carlos Alberto Teixeira Coelho Júnior (1894-1969)
3º OCUPANTE - Ladislau Romanowski (1902-1997)
4º OCUPANTE - Leonilda Hilgenberg Justus (1923-2012)
5º OCUPANTE - Darci Piana (1941-)

Três cidades homenagearam Adolpho Werneck dando seu nome a uma de suas ruas. Em Morretes, a rua Adolpho Werneck fica no bairro do Rocio. Começa na Rua Marcos Malucelli, cruza a Rua Luiz Bastos e termina na Rua Cinco. Em Curitiba a rua Adolpho Werneck fica no bairro Uberaba. Começa na Avenida Senador Salgado Filho, é interrompida pela Avenida Comendador Franco (das Torres), e continua cruzando a Rua Ivo Ferro terminando em um segmento sem saída. O CEP da rua é 81560-130. O nome foi autorizado pela Lei Municipal 1505, de 24 de dezembro de 1957. Em São Paulo a rua Adolpho Werneck fica no bairro Jardim Somara (Grajaú). Começa na Rua Pedro Nunes Tinoco e termina na Rua Antônio José Escudeiro.
Arion Werneck de Capistrano (1909-1980), um dos filhos de Adolpho com Maria Antonietta Fernandes, publicou postumamente materiais do pai no “Correio dos Ferroviários” da RFFSA, além de textos próprios. Arion deixou sem publicar uma pequena coleção de sonetos intitulada “Folhas que o vento leva”.
Rui Werneck de Capistrano (1948-), neto de Adolpho e filho de Arion, é prolífico escritor, com vários livros publicados desde 1981 até hoje, incluindo “Máquina de escrever”, premiado no Concurso Nacional de Contos do Paraná de 1988.
O autor desta biografia e compilador da antologia é Eduardo Capistrano (1980-), contista, bisneto de Adolpho, neto de Arion e sobrinho de Rui. Sua bibliografia inclui “Histórias Estranhas” (2007) e “A Quarta Dimensão” (2011).
Esta obra é publicada em memória e celebração da vida e obra de Adolpho Jansen Werneck de Capistrano em 2012, no 80º aniversário de seu falecimento.

Um comentário:

  1. pararabens sou neto de adolpho nao conheci meu vo mais adorei tudo que escreveu sobre ele eu nao tinha nem ideia de todo esse conteudo sobre a vida de meu avo muito obrigado .

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